sábado, dezembro 11, 2004

XV

Quinze anos de uma vida
Por quinze anos jogou sua vida fora, chafurdado na auto-indulgência que o corroía morosamente e que fazia com que negasse tudo o que era.
Quinze meses de um momento
Durante quinze meses buscou resgatar aquilo que tinha perdido, procurando reviver tudo o que pudesse, mesmo sabendo que isso era impossível e um disparate. Não se recupera aquilo que nunca viveu.
Quinze dias de uma preocupação
Por quinze dias, certificou-se que certas coisas são extremamente difíceis de serem mudadas e que é preciso muito mais do que vontade para realizar algo.
Quinze horas de uma expectativa
No decorrer de quinze horas, concluiu inúmeras vezes que a grandiosidade da ação não é o essencial; o cerne da questão é o impacto racional e sentimental que a mesma provoca.
Quinze minutos de um momento inesperado
Em quinze minutos, viu que era possível o mundo acabar e recomeçar uma miríade de vezes; dependia apenas de como o encarava e se sentia.
Quinze segundos de um pensamento
Contudo, em quinze segundos constatou o mais óbvio: na vida, nada acontece como planejado e a única certeza é que a desilusão e a solidão serão majoritariamente a sua maior companheira.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Apenas verdadeiro

Estou aqui novamente, depois de algum tempo sumido. Não por falta de vontade ou inspiração. Na realidade, fui negligente comigo mesmo. Observando velhos problemas, sorvendo novas dúvidas, remoendo novos contratempos e até admirando-os, tentei me ignorar. Talvez porque as coisas estejam mudando, o que é inegável. Mas não podemos fazer nada, já que isso é a vida. Esse é o jogo e penso o seguinte: podemos conviver com as mudanças mas não precisamos absorvê-las. A menos que queiramos. Também acho que busquei me preterir por constatar que certas coisas são imutáveis, mesmo que eu tentasse ignorar isso ao máximo por não querer aceitar a realidade. Mas não tive escolha. Ela estava lá há muito tempo, pulsante, vibrante, na minha cara. Bastava eu abrir os olhos, o que eu fiz. E muitas vezes, isso não é sinônimo de alívio e nem de felicidade.
Esse ano foi extremamente cansativo, sob todos os aspectos. Jamais me senti assim. Os olhos estão ardendo e a cabeça dói. Junto com isso, inúmeras dúvidas e nenhuma certeza se aproximam cada vez mais, com uma velocidade incrível. Eu sei, esse texto parece uma merda lamuriosa, mas o que eu posso fazer? É assim que me sinto, há muito tempo. Vou até parar por aqui, já que não sairei disso. Queria passar alguma coisa melhor, mas não consigo. Seria hipocrisia da minha parte. Essas linhas podem não servir para nada, mas pelo menos são sinceras. E já é um ótimo começo quando, pelo menos, somos honestos com os nossos pensamentos e sentimentos.