quinta-feira, setembro 30, 2004

O caminho para a finitude?

Os sinos tocam ao fundo
Enquanto a chuva não pára
E de repente tudo fica sombrio

Um som lúgubre ecoa em altos brados,
mostra que temos que nos matar todo dia para sobrevivermos
E que devíamos considerar o pavor mais incisivo como nosso maior aliado

Não obstante, deixa clarividente
Que só podemos nos persignar
Para ficarmos livres do Mal

Matar, golpear, destruir
Combata fogo com fogo
Morte, destruição, ódio
Não suplique, apenas grite

Não importa o que você faça ou relute
O anjo da morte já chegou
E não vai sair do nosso lado

Nunca mais

E cada vez mais que ficarmos indiferente
Ele erguerá a sua aura indestrutível sangüinária

Então veremos o mundo
Escurecer abruptamente perante nossos olhos incrédulos
Na triste visão do arrefecimento da esperança

Lodo

Odeie quem te faz mal, porque nessa merda de vida a desilusão é o âmago de tudo. As histórias que escutamos, que desejamos para nós, que achamos que um dia teremos, pode esquecer. Poucos conseguirão isso. Não falo profissionalmente, mas sim no sentimento. Eu sei, não adianta nada você ter a cabeça mais onisciente do mundo e um coração vazio. Contudo, temos que matar um leão por dia não para viver, mas sim para sobreviver. Isso ninguém contou para nós. Dessa forma, relegue o que sente e acione a raiva. O inimigo não é concreto, está em toda a parte. Odeie quem não quer a paz, odeie quem te faz mal diretamente e indiretamente, odeie tudo que o deixa inconformado. Não existe outra saída, porque quanto mais você estende o braço procurando uma mão, mais se afastam de você. Bata antes, porque senão você tomará a porrada e não conseguirá se levantar mais. Simplesmente odeie e deixe o seu coração sem nenhum espaço para aquilo que o faz sofrer. Acolha o ódio. Querendo ou não, ele sempre estará lá, será sempre o seu companheiro. Ódio.

terça-feira, setembro 28, 2004

Carpe diem?

Eu vejo a alegria na minha frente
Mas não enxergo nada além do escárnio
Que tenho com a minha própria alma
E que me consome todo dia

Eu tento não pensar no amanhã
Porque eu sei que ao confrontá-lo
Eu me certificarei de como ele será negro
Muito mais do que imagino

Eu tento me organizar
Colocar os pensamentos em ordem
Semelhantes à uma lógica espartana

Mas algumas coisas são impossíveis
Certos sentimentos
Fazem com que você
Perca o rumo
E consiga enxergar apenas a estrada da desilusão
Que você segue mesmo sabendo qual será o desfecho

Não tenho nada
Absolutamente nada
Isso é uma nódoa indelével
Que nunca me abandonará

E nada me faz pensar
Que isso vai mudar

O vento é gelado
Os olhos estão ardendo há muito tempo
A tristeza parece inexpugnável e perene

E a tempestade desumana da vida não cessa uma única vez

Desesperança

Minha alma está vazia, meu coração é negro e meus olhos estão secos. Só me restou o abismo.
Nada sinto, nada importa, nada é nada, tudo é nada. Minhas mãos já não queimam, meu peito já não arde em chamas.
O frio me acolhe, se torna meu amigo. Meu único amigo.


"Quando se olha muito tempo para um abismo,
o abismo olha para você"
- Nietzsche, "Além do Bem e do Mal"

segunda-feira, setembro 27, 2004

Não existe título, somente o vazio. Com isso, já existe algo

Sentado em frente ao computador, a cabeça estava longe e o corpo exausto. No meio do nada absoluto - onde tudo se encontrava - tentava achar o limiar da sanidade para fazer algo, pelo menos por um furtivo minuto, que desse algum sentido para o dia que já estava perdido. Mas embevecido pelo torpor do dia-a-dia e pela lamúria do seu pensamento, deixou apenas uma fresta aberta entre seu mundo e a realidade. Mas mesmo assim achou que isso era demais. Era muita loucura para apenas uma cabeça. E pra variar, para aumentar ainda mais a confusão, misturou as insanidades do seu mundo com o que vivia. Foi aí que não entendeu mais nada, já que tudo passou a fazer sentido: estava sentado em frente ao computador, com a cabeça longe e o corpo exausto.
The lunatic
Is on the grass.
Pink Floyd

sábado, setembro 25, 2004

Não há esperança

Não há esperança. Isso eu asseguro prontamente quando olho para mim. Muitos podem considerar essa afirmação um exagero, mas é exatamente assim que eu me sinto. Já não lembro mais a última vez que me senti em paz. Os dias são difíceis, sinto que fico cada vez mais na escuridão. Minha cabeça dói. Meus olhos ardem e ficam pesados constantemente. Durmo mau quase sempre. Tenho um sono agitado; se não acordo várias vezes durante a noite, a minha cabeça e os meus pensamentos fazem questão de acabar comigo. Às vezes tenho sonhos que de tão agradáveis apenas pioram a situação quando acordo, já que eu tenho certeza que eles jamais se tornarão realidade. Tudo aquilo que desejo desmorona como se fosse sustentado por alicerces de areia em meio a uma tempestade, tamanha a facilidade que acabam e somem fugazmente. Eles refletem tudo o que eu sinto durante o dia: inúmeros sentimentos cuja força motriz é a desesperança total. É uma espécie de espelho desfocado e opaco, que mistura minhas ânsias, desejos e aflições. Gostaria de ajudar aqueles que amo de várias maneiras, mas como fazer isso se eu também preciso de ajuda? Levanto exausto todos os dias, fisicamente, psicologicamente e sentimentalmente. Há quanto tempo apenas não fecho os olhos e simplesmente sorrio, apenas por sorrir. Tento lembrar coisas, figuras, qualquer imagem ou contexto que me transporte à época em que era feliz e não me pegava chorando durante a madrugada, enquanto dirigia ou simplesmente sentado na sala da minha casa. E tudo sempre sozinho. Não existe algo pior do que você falar que está bem quando na realidade está péssimo. E eu já perdi a conta de quantas vezes já fiz isso. Vivemos em uma sociedade de consumo. Incitam você a materializar suas alegrias e sentimentos em produtos para não pensar. Sua felicidade é medida pela merda do código de barras. Lá está o preço da sua felicidade. Lançam produtos escrotos, porcarias tecnológicas, comidas práticas que só faltam chegar digeridas para irem direto ao seu estômago, tudo para evitar a demora. É a praticidade a serviço da boçalidade. Querem que você seja sucinto e superficial, usar a cabeça pode causar problemas. Seja arguto para discernir apenas a quantia que retirará do seu bolso. Consuma e não pense nada mais além disso. Se entupa de produtos das multinacionais que sufocam cada vez mais o nosso país e que acabam com o mundo nessa maravilhosa globalização tecnocrata de merda, que engorda cada vez mais os porcos capitalistas de sempre e apenas troca o contexto de miséria dos países do Terceiro Mundo, já que passamos a fazer parte da bosta da "integração mercadológica global". Ridículo. Incitam o individualismo. Eu, eu, eu. Pense em você e não no outro, queira sempre a porra do melhor carro, a merda da residência mais cara e luxuosa, a bosta do computador de última geração. Busque isso, mesmo que precise pisar nos outros. Aliás, nos incitam a alcançar tudo isso fazendo sempre o mal. Mecanize as relações humanas. Veja cada menos as pessoas e se apegue aos seus bens. Eu posso negar e você também, mas quando nós passamos pela rua e vemos um mendigo na rua e não nos importamos, isso é o reflexo do meio em que vivemos, por mais que tentemos ficar longe desse sistema que paradoxalmente está intrínseco a nós. E depois, quando percebo que eu fiz isso, como me sinto um pária. Há muito tempo eu não estou bem. Eu não estou bem. Posso falar sem problemas, o quanto tempo quiser, sobre qualquer assunto que envolva os piores sentimentos humanos: ganância, morte, destruição, indiferença... Mas quando é para dizer alguma palavra de afeto ou sentimento, como é difícil expressá-los. Até que ponto você agüenta a tristeza? Quanto suporta uma decepção? Consegue ser sempre indiferente à tanta podridão e canalhice à sua volta? O sarcasmo é válido, mas não 24 horas por dia. Estou cansado de ser sarcástico. Estou cansado de não poder me sentir ao menos um derrotado porque não me dão a oportunidade de tentar. Estou cansado dos meus olhos nunca enxergarem aquilo que procuro e desejo. Estou cansado de esconder minhas dores e não conseguir falar sobre elas. E acima de tudo, estou cansado de sentir. Estou cansado, muito cansado. E não sei quando isso vai mudar. Aliás, eu não sei de droga nenhuma.

sexta-feira, setembro 24, 2004

O que seria esse rascunho tosco e mal acabado?!

Trânsito..saida de São Caetano...logo na primeira rua uma parada por causa de um farol vermelho..ia arrumando o espelho, mudando a estação do rádio, colocando o óculos e não foi tão ruim assim...
Saindo da cidade o primeiro sinal de que aquela ida ao trabalho seria no minimo cansativa "a cidadede São Paulo tem 120 km de congestionamento", dizia uma mulher com voz feliz no rádio...Bom não é possível que todos os 120 km seriam exatamente no longo percursso..
1 km depois ele já não aguenta mais ficar dentro do carro, sim, porque nessas horas não se marcar o tempo e sim a distancia....parecia que estava ali dentro havia anos..as noticias no radio já eram repetidas...os carros do lado eram os mesmos..as mesmas pessoas, fazendo as mesmas coisas...algumas tirando sujeira do nariz, outras cantando em voz alta...mas inguém parecia estar tão irritado quanto ele..
Após mais alguns minutos as coisas começam a melhorar, mas mesmo assim ainda está longe...
Tancredo Neves...Bandeirantes...era melhor ter ido até Recife e voltar de carro, com certeza não seria tão cansativo...
Os minutos vão passando, aquilo tudo já martela a cabeça como se ele fosse morrer a qualquer momento..de repente a paz, sim a paz!! o telefone toca, ele fecha o vidro e atende com a voz mais calma do mundo...do outro lado da linha, a amada..aquela que iria acalmar os próximos 2 minutos mas que dariam pique para ele até o final do dia!
Um simples, "um beijo e bom dia pra vc" é o suficiente...o trânsito não incomoda, os caminhões não fazem barulho, os motoboys não são folgados e as notícias no rádio são melhores....!
Olhando para o lado ele começa a perceber a expressão das pessoas...um senhor irritado tenta passar todos os carros na marginal...direita, esquerda, seta, farol alto, buzina, grita, esperneia, volta pra dsireita, fecha uma senhora, volta pra esquerda...!! será q só ele estava feliz naquele momento??? Será q o transito incomodava a todos menos ele?? será que um simples telefonema não poderia acabar com a falta de paciencia de todos?!
nao, com certeza não.. naquele momento o homem percebe que a coisa mais importante para ele era ser feliz..ser feliz com uma pessoa que faça valer a pena...aquela que faz ele ficar tranquilo até qdo recebe uma bronca..!!! não, não são todas as pessoas no mundo que tem essa sorte!!!

quinta-feira, setembro 23, 2004

Elucidações de uma mente errante contra o muro apócrifo

Discrepâncias dissonantes
Intrínsecas ao contexto em que vivo
Fazem com que eu não entenda mais nada
E apenas lamente a transposição
Dos meus erros e dúvidas
Perante os meus medos e aspirações
Que não consigo subjugar
E que são muito difíceis de esconder


O maior esconderijo é a grande ilusão que temos da nossa vida e daquilo que sabemos e sentimos.


"Mas eu não quero me encontrar com gente louca", observou Alice.
"Você não pode evitar isso", replicou o gato.
"Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco. Você é louca."
"Como sabe que eu sou louca?", indagou Alice.
"Deve ser", disse o gato, "ou não teria vindo aqui."

Lewis Carol
Alice no País das Maravilhas

terça-feira, setembro 21, 2004

Nada além da sinceridade

Na conjuração podre da vida
Que mais preza o loquaz acéfalo
Do que o sábio taciturno
E que ignora a estirpe do discernimento

Cada vez mais
Marionetes sem rostos
Delimitam as metas
E erram os objetivos
Que sempre são digeridos e aquiescidos por todos

Cáusticos discursos tentam nos enfraquecer
Nas entrelinhas do cotidiano

E é por isso que

Ignorante nesse mundo
Não é aquele que não enxerga
Mas sim quem vê tudo claramente
E tenta fechar os olhos de novo

quinta-feira, setembro 16, 2004

Outra Visão

O futuro não me aflige e, como poucos sabem, eu não quero afligir ninguém . O futuro é fuga, possibilidades. O que me atormenta de verdade é o presente.
O futuro reserva mil caminhos. O presente é único, imutável. O futuro não existe, talvez nem chegue a existir.O presente pode ser frustrante.
Mil planos preparados, prontos para serem postos em prática. Mas, o amanhã tá aí, semana que vem é curta e mês que vem apresento meu TCC. Deixa pro outro ano.
Sabe lá o que me espera depois da curva. Ou além mar.
Felicidade? Bah! Sou feliz agora, vou ser feliz depois.

PS: Vão , leiam, comentem e se alguém souber como arrumar o problema de acentos me dá um toque (ui)

quarta-feira, setembro 01, 2004

Propaganda

Eu voltei/ Agora pra ficar/ Porque aqui/ Aqui é meu lugar...